"Lá
vai gata preta, atarefada, atarefada, verificar focinhos, caudas,
pêlos. [...] Gatinhos. Uma criaturinha viva na sua membrana
transparente, rodeado pela imundície do seu nascimento. Dez minutos mais
tarde, húmido mas limpo, já mamando. Dez dias depois, uma migalha com
olhos macios e nebulosos, a boca abrindo-se num silvo de corajoso
desafio à enorme ameaça que sente debruçada sobre ele. Nesta altura, em
vida selvagem, confirmaria a sua selvajaria, tornando-se um gato
selvagem. Mas não, uma mão humana toca-o, um cheiro humano envolve-o,
uma voz humana sossega-o. Depressa sai do ninho, confiante de que as
gigantescas criaturas à sua volta não lhe farão mal. Cambaleia, depois
anda, depois corre a casa toda. [...] Gatinho encantador, gatinho
bonito, lindo fofinho pequenino delicioso bichinho - e vai-se embora."
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