Um fantasma é ainda esse lugar
onde, soltando um som, pousas a vista;
mas neste pêlo negro o teu olhar
mais atento se confunde e despista.
Como um louco que, no seu paroxismo,
às cegas bate o pé no escuro, tropeça,
e a quem de súbito absorve o abismo
almofadado da cela, e tudo cessa.
Todo o olhar que algum dia o tocou
parece então em si dissimular,
para sobre ele, ferino e agastado,
provocar arrepios e adormecer.
Mas eis que volta, de novo desperto,
o rosto, e, imóvel, o fixa no teu:
e tu redescobres o teu próprio olhar
no âmbar gemado das pedras dos seus
olhos redondos: estás aprisionado
como um insecto fóssil, já morto.
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