Neko

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Gato ao crepúsculo - Millôr Fernandes

Poeminha de louvor ao pior inimigo do cão
 
Gato manso, branco,
Vadia pela casa,
Sensual, silencioso, sem função.
 
Gato raro, amarelado,
Feroz se o irritam,
Suficiente na caça à alimentação.
 
Gato preto, pressago,
Surgindo inesperado
Das esquinas da superstição.
 
Cai o sol sobre o mar.
 
E nas sombras de mais uma noite,
Enquanto no céu os aviões
Acendem experimentalmente suas luzes verde-vermelho-verde,
Terminam as diferenças raciais.
 
Da janela da tarde olho os banhistas tardos
Enquanto, junto ao muro do quintal,
Os gatos todos vão ficando pardos.


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