Quando em 1967, a Tate Gallery organizou uma
exposição Balthus, pediram ao pintor elementos para uma biografia
destinada ao catálogo. A resposta chegou lacónica: «Balthus é um pintor
de quem nada se sabe. E agora vamos ver os quadros.» Poderia ter
acrescentado: comecem pelo meu quadro intitulado O Rei dos Gatos
e releiam o prefácio que Rainer Maria Rilke, amigo da minha mãe e meu
na minha juventude, escreveu a propósito dos meus primeiros desenhos
publicados, quarenta imagens em memória do meu gato desaparecido, o
Mitsou. [...] Balthus poderia também ter sugerido à Tate Gallery que
citasse uns versos de Baudelaire, mais evocativos do que uma banal
biografia:
No meu cérebro passeia-se
Como se estivesse em casa
Um belo gato, forte, doce, encantador.
Quando mia, mal se ouve,
É o espírito familiar do lugar;
Ele julga, preside, inspira
Todas as coisas no seu império;
Será uma fada, será um deus?
E quando olhamos para os quadros, como sugeria Balthus, apercebemo-nos de que, de Mitsou, ao auto-retrato em o Rei dos Gatos e ao letreiro do Gato do Mediterrâneo, Balthus mostra bem que pertence à família dos gatos. Ele vangloria-se disso e diz que foi gato desde a infância.
Giles Néret, Balthus, Taschen, 2004
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