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segunda-feira, 19 de março de 2012

O primeiro Gato com nome

                                      Nadjem

 Acredita-se que o gato doméstico tenha evoluído do gato selvagem africano, uma criatura malhada chamada Felis silvestris libyca, das margens do rio Nilo.Os primeiros fazendeiros, desesperados por proteger seus estoques de grãos arduamente conseguidos, ficavam, sem dúvida, muito satisfeitos quando esses pequenos e ágeis predadores fixavam residência perto de seus celeiros em busca de presas fáceis. Na verdade eles ficavam tão felizes que talvez se dessem ao trabalho de atraí-los e garantir seu conforto.

Não demorou muito para que esses caçadores selvagens se tornassem completamente domesticados, insinuando-se não só nas casas egípcias como também em sua cultura. A deusa gata Bast tornou-se uma figura de culto popular, assim como outra divindade felina mais sinistra chamada Sekhmet. Os felinos eram, em geral, considerados mensageiros divinos, e matar um deles era tabu. Aqueles que o faziam, mesmo que por acidente, eram quase sempre linchados por uma multidão furiosa. Os gatos domésticos eram mimados, usavam brincos nas orelhas e no nariz, colares caros, e quando morriam eram frequentemente mumificados e tinham generosos funerais. Centenas de milhares de múmias de gatos tem sido descobertas por todo o Egito.
Ainda assim, apesar de sua figura adornar tudo, de paredes de palácios a pergaminhos e jóias, muito pouco foi escrito ou dito sobre os gatos individualmente. Acredita-se que a maioria nem sequer tinha nome. Eram todos mencionados como muau, que literalmente significa "aquele que mia".

É isso que torna um gato em particular, que viveu durante o reinado do faraó Thutmose III (1479 - 1425 a.c.), tão especial. O felino em questão era chamado Nadjem ( que significa "querido" ou, ainda, "estrela"). Nadjem foi mencionado na parede da tumba de um funcionário de baixo escalão, chamado Puimre, sepultado fora dos limites da antiga cidade de Tebas.

Há muito pouco a dizer sobre Nadjem além do fato de que Puimre deve tê-lo (ou tê-la) amado bastante. É uma pena que ele nunca venha a saber o enorme privilégio que concedeu a seu animal de estimação. Ao escolher preservar o nome de seu gato para a posteridade, fez dele (ou dela) o primeiro felino na história registrada que podemos chamar pelo nome.

Trecho do livro "100 Gatos que mudaram a civilização", Sam Stall, Editora Prumo.


Budapest Ancient Egyptian cat. The cat was a sacred animal of the goddess Bastet. Saïte Period. Szépmüvészeti Múzeum (Museum of Fine Arts), Budapest.




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