O gato aparece à noite com seu esquivo silêncio de passos bem calculados num jogo de paciência as garras bem recolhidas na concha de suas patas O gato passeia a noite com seu manto de togado como se fosse um juiz de presas resignadas a sua sentença de sombras seu apetite de gula O gato varre essa noite facho de suas vassouras vermelhas de olhos ariscos e alcança nessa limpeza o movimento mais presto o guincho mais desouvido Mais que perfeito no bote (tal qual Mistoffelees de Eliot) do pulo que nunca ensina tombam baratas besouros peixes de aquário catitas ao paladar sibarita Nada à noite falta ao gato nem a presteza no salto nem a elegância completa do seu traje de veludo para o baile dos telhados roçando as fêmeas no cio O gato é ato em seu salto e a noite luz do seu palco: ribalta luciferina lunária ária da lua na réstia de seus dois gozos é felix feliz felino Guardei a sétima estrofe para o canto do mistério das sete vidas do gato e seu tapete aziago nas noites de sexta-feira há provas do seu estrago. |
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