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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Manuel de Freitas

Pela manhã o gato estende-se
vagaroso nesse impreciso lugar
em que luz e sombra
se entretecem. Nas pedras
rondantes do que sempre chamámos
a nossa casa, esse sonho
de irmos por detrás das janelas
encarcerados nas agrestes
paredes do amor.

Todas as manhãs, enquanto
a escola me espera, o
gato é tão certo como os passos
que dele se desviam. Um mero
olhar, a melancolia
de depois te dizer já sem o mesmo encanto
a sua negra quietude, o silêncio
em que se move.

Estamos todos, eu tu e o gato,
neste estranho sossego
de a morte ser um dia destes
entre luz e sombra.


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