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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Carlos Trujillo

Há poemas que pensam que são gatos
E ronronam sob o fogão em tardes de domingo
Enquanto a chuva se desliza pela janela
E as cortinas repletas de figuras detêm a paisagem cinzenta
Como uma fotografia pintada na parede
Em dias de um calendário que já ninguém se lembra
Poemas que parecem esquecer-se do mundo
Quando são vistos adormecidos ao lado do fogo
Enquanto a robusta cozinheira
Recolhe uns pães grandes e deliciosos
Doces como frutas frescas
Da boca de um forno recém criado por Deus.

Há poemas que pensam que são gatos enormes e graciosos
Enquanto se esparramam pelas paredes
E se deslizam sobre os telhados
Curvados e tensos
Como se a presa que perseguem fosse a vida
E essa fosse a única oportunidade de apreendê-la

Há poemas que pensam que são gatos
E vão pela vida com sua aparência de gato
Com seu rabo de gato
Com seu reluzente pelo de gato
E seus prodigiosos olhos de gato sábio
Olhando o profundo e a superfície das coisas
Como se para eles o mistério
Ainda fosse uma ideia sem nome

Também há gatos que pensam que são poemas.

Tradução de Cristiane Grando



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