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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Giles Néret - O Rei dos Gatos

Quando em 1967, a Tate Gallery organizou uma exposição Balthus, pediram ao pintor elementos para uma biografia destinada ao catálogo. A resposta chegou lacónica: «Balthus é um pintor de quem nada se sabe. E agora vamos ver os quadros.» Poderia ter acrescentado: comecem pelo meu quadro intitulado O Rei dos Gatos e releiam o prefácio que Rainer Maria Rilke, amigo da minha mãe e meu na minha juventude, escreveu a propósito dos meus primeiros desenhos publicados, quarenta imagens em memória do meu gato desaparecido, o Mitsou. [...] Balthus poderia também ter sugerido à Tate Gallery que citasse uns versos de Baudelaire, mais evocativos do que uma banal biografia:

No meu cérebro passeia-se
Como se estivesse em casa
Um belo gato, forte, doce, encantador.
Quando mia, mal se ouve,

É o espírito familiar do lugar;
Ele julga, preside, inspira
Todas as coisas no seu império;
Será uma fada, será um deus?

E quando olhamos para os quadros, como sugeria Balthus, apercebemo-nos de que, de Mitsou, ao auto-retrato em o Rei dos Gatos e ao letreiro do Gato do Mediterrâneo, Balthus mostra bem que pertence à família dos gatos. Ele vangloria-se disso e diz que foi gato desde a infância.


Giles Néret, Balthus, Taschen, 2004
Balthus

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