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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Charles Baudelaire


Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço;
Guarda essas garras devagar,
E nos teus belos olhos de ágata e aço
Deixa-me aos poucos mergulhar.

Quando meus dedos cobrem de carícias
Tua cabeça e o dócil torso,
E minha mão se embriaga nas delícias

De afagar-te o eléctrico dorso,
Em sonho a vejo. Seu olhar, profundo
Como o teu, amável felino,
Qual dardo dilacera e fere fundo,

E, dos pés à cabeça, um fino
Ar subtil, um perfume que envenena
Envolvem-lhe a carne morena.

(Trad. de Ivan Junqueira) 


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